
Por Clarice Gomes Costa
Clarice Gomes, doutora em Educação e professora municipal
Ao refletirmos sobre o direito à educação de jovens e adultos nos municÃpios cearenses, observamos que a cada inÃcio de ano letivo surge a velha luta dos professores para manter salas de aula da EJA abertas, com a justificativa de que não existe demanda.
Alguns gestores educacionais podem analisar esse cenário, afirmando que os alunos estão de fato se alfabetizando na idade própria, pois o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC) contribui para acabar com o número de pessoas não alfabetizadas, como para diminuir as taxas de abandono e atraso escolar. Assim, não existem educandos suficientes para formar salas de educação de jovens e adultos no Estado.
Porém, o problema do analfabetismo é mais do que uma questão pedagógica, uma vez que é resultado de um modelo de sociedade desigual que coloca milhões de pessoas sem condições dignas de vida.
Não por acaso, dados da Pesquisa Nacional por Amostra em DomicÃlio (PNAD 2019) apontam que, apesar da redução do analfabetismo no Estado, seis em cada dez cearenses acima de 25 anos não completaram estudos básicos e que o Ceará ainda tem uma das maiores taxas de analfabetismo do PaÃs, fato que a imprensa noticiou. Diante desses dados, questionamos: por que existir resistência para o funcionamento das salas de EJA nas escolas públicas municipais cearenses?
Como professora da escola pública, observamos que todo começo de ano diversos professores, por iniciativa própria, fazem campanha para estimular a matrÃcula de alunos dessa modalidade de ensino (desafio hoje ainda maior, em virtude do distanciamento social), pagando do próprio bolso carros de som para passar na comunidade, confeccionando cartazes, panfletos, entre outras ações.
O que deveria ser responsabilidade da esfera pública, passa a ser uma ação individual dos educadores da EJA.
Assim, a estupidez humana continua, visto que não é possÃvel celebrar o fechamento de escolas da EJA no Estado do Ceará diante do significativo número de pessoas que ainda não sabem ler ou escrever, nem tão pouco terminaram os estudos básicos. Educação é, pois, direito de todos, vale lembrar!
O Artigo saiu no Jornal MAIS O POVO
Mais sobre a autora:
Clarice Gomes é doutora em Educação e professora municipal, autora do livro Diretrizes Curriculares e EJA: Desafios Freireanos no MunicÃpio de Fortaleza – O presente estudo investigou a diretriz curricular da rede pública municipal de ensino (FORTALEZA, 2011) destinada à Educação de jovens e Adultos (EJA), assumindo como pressuposto os fundamentos da Educação Popular em Paulo Freire.Â
O Livro está em execução e em breve estará disponÃvel para os nossos leitores, AGUARDE. Â
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1 Comentário
Precisamos continuar lutando por uma sociedade mais justa e garantindo o direito dos estudantes da EJA, a terem o acesso a uma Educação de qualidade.